Juri Simulado e ARTE!

JÚRI SIMULADO CONDENA REITOR DA FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ

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No dia 10 de outubro a Fundação Santo André viveu um dos ápices do movimento que exige entre outras reivindicações a saída do reitor Odair Bermelho da instituição, e que ficará marcado na história da faculdade. Foi organizado um Júri Simulado, que responsabilizou o reitor por ter chamado a polícia e permitido que a Força Tática invadisse a reitoria e expulsasse os estudantes. Ele aconteceu na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em torno das 20h, contando a presença de cerca de 700 estudantes e professores que lotaram o auditório e o pátio do prédio – onde foi instalado um telão.

Após uma explicação do que se tratava o Júri, como ele estava estruturado e em que se inspirou (recentemente, na PUC-SP, julgou-se e condenou-se Erasmo Dias como responsável pela violenta desocupação da reitoria da PUC em 1977, em plena ditadura militar), o Dr. Arthur Pinto Filho, Promotor Criminal da Capital; Assessor da Escola Superior do Ministério Público que representava o juiz, chamou as testemunhas para prestar depoimento - alunos que participaram da ocupação da reitoria e vivenciaram a retirada dos estudantes da FSA pela polícia.

Lídia Moura, Reinaldo Chagas e José Dalmo foram interrogados tanto por Roberto Tardelli (promotor do Tribunal do Júri da Capital), que representava a promotoria, quanto por Yvan G. Miguel (Coordenador do Núcleo Advogados do Povo de São Paulo), fazendo o papel da defesa.

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Relatos das testemunhas:
Eles relataram em suas respostas, entre outras coisas, que realizaram a ocupação da reitoria como forma de manifestar sua indignação perante a proposta de aumentos de mensalidades realizada pela reitoria três dias antes – sendo isto um estopim, pois havia uma série de outros descontentamentos em relação à faculdade, que a ocupação foi decidida em assembléia geral de cursos, que não tinham a intenção de depredar o prédio, assumindo a responsabilidade apenas pela danificação de uma fechadura e uma porta, que não pretendiam ficar permanentemente no prédio, mas apenas até o momento em que pudessem negociar suas reivindicações, que não portavam armas, drogas e que não havia membros estranhos à instituição no prédio. Disseram ainda que a entrada da polícia ocorreu depois de um breve diálogo que não abria possibilidade de negociações, apenas pedia a retirada dos alunos, e que os policiais entraram atirando bombas de efeito moral e de estilhaço, dando tiros de borracha e agredindo os estudantes com cassetetes,– o que os obrigou imediatamente a fugir do prédio, pulando o muro e sendo acolhidos pelos vizinhos, o que os permitiu fugir pela rua detrás da faculdade, onde outros policiais os aguardavam. O saldo foram alunos com escoriações e até ferimentos que sangraram, além de sete alunos fichados na delegacia.

Posteriormente, Roberto Tardelli realizou sua fala, com calorosos argumentos de acusação. Disse que a violência usada tinha a intenção de causar o medo nos estudantes, mas redundou, ao invés de medo, em mais indignação. Comparou a situação da Fundação à Alemanha da década de 30, quando surgia o nazismo, pois em ambas a tirania não se instalou de repente, mas aos poucos. Também fez um paralelo com o Senado do país, cujo presidente (Renan Calheiros – não mencionado nominalmente) insiste em permanecer em um cargo, cuja gestão está apodrecendo e todos vêem, menos ele. Por fim, afirmou que os estudantes não pleiteavam fins particulares, não portavam armas nem drogas, por isso não deveriam ser tratados como caso de polícia, que se o reitor criou para eles uma situação de perigo, ele é responsável por ela, política e juridicamente e afirmando que a saída de Bermelho da reitoria era a única forma dele salvar sua biografia. O promotor ficou conhecido após conduzir casos polêmicos, como a prisão do deputado federal Paulo Maluf e o assassinato dos pais de Suzane Von Richthofen.

Após Tardelli, foi a vez do advogado Yvan, que cumpria papel de defesa do reitor (Odair Bermelho não compareceu nem justificou sua ausência). Argumentou que a desocupação da reitoria foi a melhor lição de democracia que os estudantes poderiam ter, por democratizar à classe média a violência policial que é restrita às periferias, comparando a ocupação à situações dos sem terra por exemplo. Baseou a defesa da desocupação no direito à propriedade (esquecendo-se entretanto que o prédio da reitoria não é propriedade particular, mas municipal). Afirmou ainda que a saída do reitor deveria ser uma atitude tomada por ele, se assim o desejasse, não o resultado de um julgamento, pois desta maneira estariam respeitados seus direitos individuais.

O tribunal terminou com a decisão dos sete jurados, que justificaram seus votos. A decisão foi unânime: condenação de Odair Bermelho a sair da reitoria. O juiz leu a sentença e a emoção e sensibilização presente durante todo o júri tomou conta do local, impulsionando os alunos e professores a acreditarem cada vez mais na necessidade e na possibilidade da queda do reitor Odair Bermelho como condição de uma FSA melhor.

Jurados:
Hamilton Octavio de Souza (Chefe do Depto. de Jornalismo da PUC-SP); Fausto Aguiar Arruda Filho (Presidente do Conselho Editorial do jornal “A Nova Democracia”); Aloísio Alves da Silva (Presidente do Sinpro-ABC), Dra. Rosana de Lucca (Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-Ribeirão Pires; Coordenadora da Comissão da Mulher na Política da OAB-Seccional São Paulo); Dr. Thiago Henrique de Assis Mondoni (advogado); Lúcia Rodrigues (professora de jornalismo) e Dr. Nilton César da Costa (Presidente da Comissão do Jovem Advogado da OAB-Ribeirão Pires).

Seguem alguns trechos filmados:
Em breve teremos um dvd pronto, com uma qualidade superior as filmagens que se seguem.



Exposição na FAFIL...

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Os estudantes do acampamento na Fafil promoveram uma mostra com obras e quadros do artista Gontran Guanaes Netto, vice-presidente do Museu Internacional Contra o Apartheid e membro da Brigada Internacional de Pintores Anti-Fascista e professor de arquitetura da Universidade de Nantes, na França.

“Esses estudantes representam a vanguarda da sociedade brasileira, e não lutam apenas pela melhoria da educação, mas sim pelo futuro do Brasileira. Dou meu total apoio à esses jovens fantásticos que estão transformando a sociedade”, afirmou Gontran.
Acesse: http://www.gontran.org/